Como contratar um SOC gerenciado: guia prático e checklist completo
Os ataques cibernéticos no Brasil atingiram patamares alarmantes em 2024. O país registrou 356 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, representando 38,73% de todas as atividades maliciosas detectadas na América Latina, destacando o Brasil como o maior alvo de ataques cibernéticos na região.
As consequências desses ataques já são sentidas: 77% das organizações brasileiras enfrentaram incidentes de segurança relacionados à inteligência artificial no ano passado.
Esse cenário coloca CIOs e gestores de TI em alerta máximo, pressionados a reforçar suas estratégias de segurança. Além do volume e da complexidade crescente das ameaças, as empresas enfrentam desafios internos para lidar com a situação. Mais da metade das companhias (54%) viu aumentar o número de violações de segurança em 2023 em comparação a anos anteriores. Isso levou a uma sobrecarga das equipes de tecnologia: 66% dos profissionais de TI relataram maior nível de pressão e estresse por conta dos incidentes.
O déficit de especialistas qualificados em segurança e a necessidade de altos investimentos agravam a dificuldade de manter uma vigilância cibernética eficaz apenas com recursos internos. Simultaneamente, a exigência de conformidade nunca foi tão alta – a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) intensificou a fiscalização e notificou empresas por falhas na LGPD em 2024.
Ou seja, falhas de segurança agora trazem não só riscos operacionais, mas também implicações legais e reputacionais severas. Diante desse contexto, contratar um SOC gerenciado ganhou destaque como uma saída estratégica para elevar a segurança sem sobrecarregar a estrutura interna.
Um Security Operations Center terceirizado – ou SOC gerenciado – fornece monitoramento 24×7 contínuo, equipe especializada em detecção de ameaças e resposta a incidentes, além de processos maduros alinhados a boas práticas.
Mas como avaliar e selecionar o parceiro ideal de SOC gerenciado para sua empresa? Neste guia prático, vamos explorar os principais critérios – desde requisitos técnicos e modelos de operação (24/7, remoto ou híbrido) até integração com ambientes locais e em nuvem, tipos de incidentes cobertos, indicadores de desempenho (KPIs) e garantias de confidencialidade e compliance (LGPD). Ao final, apresentamos um checklist completo para orientar a contratação.
O que é um SOC gerenciado e por que adotá-lo
Um SOC gerenciado é, essencialmente, um serviço terceirizado de monitoramento e resposta a incidentes de segurança. Em vez de montar um centro de operações de segurança internamente (o que exige ferramentas caras, profissionais escassos e operação 24 horas), a empresa contrata um provedor especializado que assume essas responsabilidades.
Por que isso é vantajoso? Em primeiro lugar, pela cobertura ininterrupta 24/7: ameaças podem ocorrer a qualquer momento, e um SOC externo dispõe de analistas em turnos para prontidão a toda hora. Além disso, o provedor traz know-how dedicado – equipes com treinamento avançado, certificações e experiência em diversos cenários de ataque, algo difícil de manter internamente dada a escassez de talentos e a alta rotatividade na área de segurança.
Outra razão estratégica é o custo-benefício e foco no core business. Manter um SOC próprio implica custos fixos elevados (ferramentas de SIEM/SOAR, atualização tecnológica, salários competitivos) e demanda gestão contínua. Já no modelo gerenciado, esses custos são compartilhados entre os clientes do provedor, permitindo acesso a alto nível de serviço por um investimento mais previsível.
A empresa pode então focar sua equipe interna em iniciativas estratégicas e específicas do negócio, enquanto o parceiro cuida da vigilância diária, triagem de alertas e neutralização inicial de ameaças. Para os CIOs e gestores, isso se traduz em tranquilidade operacional, sabendo que há um time de especialistas vigiando o ambiente a todo instante e pronto para agir nos primeiros minutos de um incidente – período crítico para conter danos. Por fim, um SOC gerenciado bem selecionado ajuda a elevar a maturidade de segurança da organização. Além de monitorar, o provedor costuma orientar na melhoria contínua: recomenda ajustes de configuração, identifica pontos fracos recorrentes, fornece relatórios executivos com métricas e tendências de ameaça.
Esse valor agregado apoia a tomada de decisão e o planejamento de segurança, algo especialmente útil em empresas que estão estruturando programas de cibersegurança ou precisam alinhar-se a frameworks e normas (como ISO 27001, NIST CSF, ou exigências específicas de setores regulados). Em resumo, adotar um SOC como serviço pode acelerar o ganho de capacidade de detecção e resposta, frente a um cenário de ameaças em rápida evolução e requisitos de compliance cada vez mais rigorosos.
Modelos de operação do SOC gerenciado (24/7, remoto ou híbrido)
Ao avaliar fornecedores de SOC gerenciado, é fundamental entender como o serviço é operado na prática e se esse modelo atende às necessidades da sua empresa. O primeiro aspecto é o horário de operação: idealmente, deve ser 24x7x365, cobrindo fins de semana e feriados. Somente a vigilância ininterrupta garante que um ataque às 3 da manhã de um domingo seja detectado e respondido prontamente. Verifique se o provedor possui equipes em turnos bem estabelecidos, evitando quaisquer janelas sem monitoramento. Alguns fornecedores oferecem opções de cobertura diferenciada (por exemplo, monitoramento apenas em horário comercial para empresas menores), mas para organizações de porte médio e grande o padrão ouro é 24/7 completo. Outro ponto é onde e como o SOC opera.
Em geral, um SOC gerenciado funciona de forma remota, a partir dos escritórios ou centros de operação do fornecedor, recebendo os dados de log e telemetria do cliente via canais seguros. Esse modelo remoto é o mais comum e costuma ser suficiente para a maioria dos casos.
No entanto, dependendo do nível de criticidade ou requisitos de confidencialidade, modelos híbridos podem ser considerados. Em um arranjo híbrido, parte das operações é conduzida remotamente e parte alocada no ambiente do cliente. Por exemplo, a empresa pode optar por ter um analista do provedor in loco em seu escritório algumas vezes por semana ou dedicado durante o horário comercial, atuando em conjunto com a equipe interna, enquanto o backup do monitoramento continua 24/7 remoto.
Outra forma de híbrido é o SOC co-gerenciado: a organização mantém um pequeno time interno de segurança focado em determinadas funções ou horários, e o provedor complementa a operação (cobrindo madrugadas, fornecendo especialistas de nível 3, etc.). Avalie qual modelo faz sentido conforme sua realidade. Para muitas empresas sem equipe própria, o SOC 100% remoto do provedor já atende plenamente – o importante é garantir a integração fluida das comunicações e um bom alinhamento de expectativas (veremos adiante a importância de acordos de SLA e procedimentos).
Também considere a localização geográfica e idioma do SOC. Dê preferência a fornecedores que tenham times locais ou falando português, pois isso facilita a comunicação no dia a dia e em crises. Alguns serviços globais operam centralizados em outros países, o que pode trazer barreiras culturais e de fuso horário.
Integração com ambientes on-premises, nuvem e híbridos
Um critério técnico fundamental na contratação de SOC gerenciado é a capacidade do provedor integrar-se perfeitamente ao seu ambiente de TI, seja ele local, em nuvem ou híbrido.
Mapeie todos os ativos e plataformas que precisam ser monitorados: servidores e bancos de dados em data center próprio, dispositivos de rede (firewalls, switches, IPS), endpoints (estações e notebooks com EDR), aplicações SaaS críticas, workloads em nuvens públicas (AWS, Azure, Google Cloud) e também infraestrutura em nuvem privada ou hospedada. O SOC gerenciado deve conseguir coletar logs e eventos de todos esses pontos, consolidando-os em suas ferramentas de análise.
Por isso, avalie as ferramentas utilizadas pelo fornecedor – geralmente um SIEM (Security Information and Event Management) robusto, possivelmente complementado por soluções de XDR (Extended Detection and Response) ou correlacionamento avançado.
Verifique se o provedor já possui conectores ou integrações nativas para os sistemas que sua empresa utiliza. Por exemplo: ele consegue ingestar logs do Microsoft 365 e Azure AD? Dos serviços da AWS (CloudTrail, GuardDuty etc.)? Dos seus appliances de segurança (Cisco, Palo Alto, Fortinet)? E quanto aos sistemas legados ou específicos de negócio? A flexibilidade de integração é outro diferencial.
Alguns SOCs gerenciados operam com plataformas próprias ou proprietárias – isso não é um problema em si, desde que consigam consumir os dados do seu ambiente via agentes, APIs ou exportação de logs. Em outros casos, o cliente já possui uma ferramenta de monitoramento/SIEM implantada e quer aproveitá-la; veja se o fornecedor aceita trabalhar em modelo co-management, utilizando em parte a infraestrutura existente.
O importante é não deixar pontos cegos: todo ambiente híbrido (on-prem + multi-nuvem) traz complexidade, e o provedor deve demonstrar experiência em monitorar ambientes similares. Peça exemplos de clientes ou cenários que ele atende – por exemplo, “monitoramos ambientes em nuvem da AWS e Azure de instituição financeira X, integrados a data centers on-premises via VPN segura”. Essa confiança de que a cobertura será completa evita surpresas após a contratação, como descobrir que determinados logs não estavam sendo coletados ou que sistemas cruciais ficaram fora do escopo. Também discuta a latência e retenção de dados.
Como os logs viajam até o SOC? Normalmente, utiliza-se criptografia e tunelamento VPN ou conexões seguras para enviar eventos em tempo quase real para a plataforma do fornecedor. Certifique-se de que isso não vai impactar excessivamente sua banda de internet e de que há mecanismos de fila/buffer caso a conexão caia temporariamente.
Questione sobre a política de retenção de logs: por quanto tempo os eventos ficam armazenados (importante para investigações forenses e compliance)? O provedor consegue seguir políticas específicas caso sua empresa precise reter certos logs por, digamos, 12 meses (ex.: logs de acesso a dados pessoais para fins de auditoria da LGPD)? Essas questões de integração técnica e gestão de dados devem estar claras no contrato e no projeto de implantação do SOC gerenciado.
Tipos de incidentes monitorados e escopo de cobertura
Nem todos os SOCs gerenciados são iguais em termos de escopo de monitoramento. Por isso, ao contratar, detalhar quais tipos de incidentes e eventos de segurança serão cobertos é fundamental. Em linhas gerais, um bom SOC gerenciado deve detectar atividades maliciosas ou anômalas nos diversos vetores: rede, endpoint, nuvem, aplicações e até camada de usuário. Alguns exemplos de incidentes típicos monitorados:
Tentativas de intrusão na rede: varreduras de portas, exploits conhecidos sendo lançados contra seus servidores ou serviços expostos, tráfego suspeito que possa indicar um ataque em andamento.
Malware e ransomware: detecções de vírus, trojans ou comportamentos de ransomware em máquinas da empresa; isso inclui alertas do antivírus/EDR, gatilhos de sandbox detonando um arquivo suspeito, criptografia repentina de muitos arquivos, etc.
Atividades internas anômalas: um usuário interno acessando volumes incomuns de dados, movimentos laterais na rede, uso fora do padrão de credenciais privilegiadas (possível insider threat ou conta comprometida).
Incidentes em nuvem: criação inesperada de instâncias, modificações em configurações de segurança (ex.: alguém desabilita logs ou abre portas sensíveis), acessos administradores vindos de localizações inusuais – tudo que possa indicar comprometimento de contas na nuvem ou abuso de APIs.
Phishing e credenciais vazadas: alertas de que contas de e-mail corporativo foram comprometidas, disparo de emails suspeitos internamente, ou ainda detecção (via inteligência) de credenciais de funcionários sendo vendidas na dark web.
Ataques DoS/DDoS ou anomalias de disponibilidade: picos de tráfego que derrubam um serviço, indisponibilidade causada possivelmente por ataque – alguns SOCs oferecem monitoração de disponibilidade como parte do pacote, integrando com ferramentas de performance para distinguir falha técnica de ataque deliberado.
É importante discutir com o fornecedor quais fontes de dados alimentarão essas detecções:
- O fornecedor analisará apenas logs (via SIEM)?
- Haverá agentes instalados nos endpoints para fornecer telemetria comportamental (MDR – Detecção e Resposta Gerenciada)?
- Eles fazem varreduras proativas de ameaças (ameaças latentes na rede, hunting)?
Quanto mais completo o escopo, melhor – porém, também é preciso priorizar o que faz sentido para sua organização. Por exemplo, se sua empresa não utiliza nenhum serviço em nuvem pública, não faz sentido pagar por monitoramento de AWS.
Por outro lado, se grande parte do negócio está em aplicações SaaS, o SOC deve cobrir esses ativos (monitorar logs de acesso, alertas de configurações perigosas, etc.). Defina claramente o escopo no contrato: quais ativos (IPs, domínios, aplicações) estão sob monitoramento e quais tipos de ataque/incidente espera-se detectar. Um escopo bem definido evita lacunas e também alinha a expectativa de resposta.
Por exemplo, se ocorrer um tipo de incidente fora do escopo combinado, ambas as partes saberão que aquilo não seria pego pelo SOC – permitindo renegociar a expansão do serviço no futuro, se necessário. Por fim, verifique se o fornecedor categoriza os incidentes por criticidade (baixa, média, alta, crítica) e como essas categorias impactam o fluxo de resposta (um incidente crítico deve gerar alerta imediato conforme SLA, etc., enquanto um evento menor pode vir apenas em relatório).
Essa classificação demonstra maturidade no tratamento dos diversos cenários de segurança.
Indicadores de desempenho (KPIs) do SOC gerenciado
Para garantir que o SOC gerenciado entregue o valor esperado, é preciso acompanhar indicadores de desempenho claros. Os KPIs (Key Performance Indicators) servem tanto para você medir a eficiência do provedor quanto para alinhamento contínuo do serviço com as necessidades do negócio. Alguns KPIs fundamentais a considerar na contratação:
Tempo de detecção (MTTD): em quanto tempo, em média, o SOC consegue identificar um incidente após sua ocorrência. Por exemplo, um provedor pode se comprometer com MTTD de poucos minutos para alertas críticos de malware ou intrusão. Quanto menor, melhor – tempos de detecção rápidos reduzem a janela de permanência do invasor.
Tempo de resposta (MTTR): aqui é importante definir o que significa resposta. Em geral, refere-se ao tempo para conter ou remediar um incidente após detectado. Como o SOC gerenciado nem sempre executa ações diretamente (às vezes notifica o cliente para que este tome ações), pode-se medir MTTR até o primeiro contato/envio de alerta detalhado ou até a resolução final. De qualquer forma, estabeleça expectativas: ex. “notificação em até 15 minutos após detecção de incidente crítico” ou “suporte na contenção dentro de 1 hora”.
Taxa de falso positivo: embora difícil de mensurar precisamente, bons fornecedores acompanham a porcentagem de alertas investigados que não eram realmente incidentes. Uma taxa alta de falsos positivos significa muito ruído e desperdício de tempo da equipe – indique que o provedor deve otimizar regras e filtros constantemente. O ideal é que o SOC faça um refino dos alertas antes de repassar, entregando ao cliente somente notificações qualificadas.
Volume de incidentes por período: quantos incidentes (por severidade) o SOC detecta e gerencia por semana ou mês. Esse número dá visibilidade da carga de ameaças que sua empresa sofre e também da eficiência do SOC em identificá-las. Mais importante que o número bruto é observar tendências – quedas ou picos que podem indicar mudanças no cenário de ameaça ou problemas de monitoramento.
Tempo de análise e fechamento: além do tempo para detectar e iniciar resposta, medir quanto tempo leva para um incidente ser encerrado (com investigação concluída, causa raiz identificada, ações de correção recomendadas). Um SOC maduro irá fornecer relatórios pós-incidente com essas informações. Um KPI associado é o SLA de atualização: se um incidente crítico está em curso, o SOC promete atualizações a cada X minutos para a sua equipe? Isso pode ser acordado para manter todos na mesma página durante crises prolongadas.
Conformidade com SLA: todos os itens de nível de serviço pactuados (por ex: “alertar incidente grave em até 15 min, responder e conter em até 1h”) devem ser monitorados. O provedor geralmente disponibiliza um relatório de SLA mostrando a porcentagem de cumprimento de cada métrica no período. Busque um histórico ou compromisso de >99% de adesão aos SLAs críticos.
Satisfação e feedback: embora não seja um número técnico, algumas organizações incluem um KPI de satisfação (via pesquisas periódicas com o cliente sobre o serviço). Isso ajuda a formalizar a percepção de qualidade e a tratar melhorias nas reuniões de governança.
Processo de resposta a incidentes e compliance (LGPD e outros)
Ao transferir suas operações de segurança para um provedor externo, é imprescindível entender como será o processo de resposta a incidentes e assegurar que questões de confidencialidade e compliance estejam cobertas. Comece discutindo em detalhes o fluxo de resposta a incidentes do fornecedor:
Detecção e análise: Assim que um alerta é gerado, o que o SOC faz? Confirma se é verdadeiro positivo, correlaciona com outros dados, e em quanto tempo escala para você?
Notificação e escalonamento: Defina quem na sua empresa será contatado e por quais meios em caso de incidente grave. Normalmente, estabelece-se uma árvore de notificação (ex.: ligar para o analista de segurança on-call do cliente; se sem resposta em 10 min, ligar para o gerente; em paralelo enviar email com detalhes e atualizar um portal).
Confirme se o provedor oferece um portal do cliente ou sistema de tickets para acompanhar incidentes em tempo real.
Contenção e remediação: Um diferencial importante é saber se o SOC gerenciado apenas notifica e orienta, ou se ele atua diretamente na contenção.
Alguns fornecedores, especialmente os que operam um modelo de MDR (Managed Detection and Response), têm capacidade de executar ações automatizadas ou manuais mediante acordo prévio – por exemplo, isolar uma máquina infectada da rede, bloquear um IP malicioso no firewall, suspender uma conta de usuário comprometida temporariamente. Se você deseja esse nível de atuação, verifique as políticas de resposta do provedor e que tipo de autorização prévia é necessária. Muitos clientes dão uma autorização geral para o SOC tomar ações emergenciais para conter danos, desde que informem imediatamente.
Eradicação e recuperação: Após contido o incidente, o SOC ajuda na análise da causa raiz? Fornece orientação sobre como fechar a brecha explorada, eliminar o malware de todos os sistemas, restaurar backups de forma segura? Essa fase muitas vezes envolve a equipe de TI do cliente, mas um bom provedor deve ter procedimentos de consultoria para apoiar na recuperação e assegurar que a ameaça foi eliminada.
Lições aprendidas e relatório: É prática recomendada que todo incidente significativo tenha um post-mortem. O SOC gerenciado deve entregar um relatório detalhado do incidente, contendo timeline, impacto, indicadores de comprometimento encontrados, medidas adotadas e recomendações futuras. Esses relatórios também servem de evidência para compliance (ex.: demonstrar à auditoria que um determinado incidente foi tratado apropriadamente).
Agora, sobre confidencialidade e compliance: ao contratar um SOC gerenciado, você estará compartilhando com o fornecedor dados sensíveis da sua empresa – registros de log, que podem incluir informações sobre funcionários, clientes, negócios e possivelmente dados pessoais protegidos pela LGPD.
Estabelecer claramente como será a resposta a incidentes e como serão protegidos os dados e segredos da empresa é indispensável para uma relação de confiança de longo prazo.
Checklist para contratar um SOC gerenciado
Para ajudá-lo no processo de avaliação e seleção do SOC gerenciado ideal, apresentamos um checklist prático com os principais pontos a considerar:
Mapeie as necessidades e o escopo interno: Liste quais ativos e sistemas precisam de monitoramento (servidores, nuvem, endpoints, etc.), qual cobertura de horário deseja (idealmente 24/7) e se há requisitos específicos do seu setor. Tenha clareza do que você espera do serviço.
Verifique a capacidade de integração tecnológica: Confirme que o provedor suporta todas as plataformas e fontes de log do seu ambiente (firewalls X, cloud Y, banco de dados Z…). Questione sobre conectores já disponíveis e peça exemplos de integração em ambientes similares.
Avalie os modelos de operação oferecidos: O serviço é 100% remoto ou pode ser híbrido? Há possibilidade de um recurso dedicado on-site se necessário? Assegure-se de que o modelo (remoto/híbrido) e a cobertura horária atendem à criticidade do seu negócio.
Investigue a experiência e reputação do fornecedor: Quantos anos de mercado, quais certificações (empresa e equipe), cases de sucesso. Peça referências e busque opiniões independentes. Um provedor de SOC gerenciado maduro terá clientes satisfeitos e processos bem estabelecidos.
Conheça a equipe e suas qualificações: Informe-se sobre o tamanho do time SOC, níveis de analistas e se haverá um ponto focal dedicado para seu atendimento. Profissionais certificados e experientes são um indicativo de serviço de qualidade.
Entenda as ferramentas e inteligência utilizadas: Qual plataforma de SIEM/XDR é usada? Há uso de Threat Intelligence de fontes reconhecidas? O provedor dispõe de automação e SOAR para agilizar resposta? Boas ferramentas potencializam a eficiência do SOC.
Esclareça os procedimentos de resposta a incidentes: Alinhe como será o fluxo desde a detecção até a resolução. Quem é acionado, em quanto tempo, e quais ações o SOC pode tomar autonomamente. Peça para ver um exemplo de playbook de incidente.
Defina SLAs e KPIs no contrato: Estabeleça acordos de nível de serviço mensuráveis (tempos de detecção, notificação, resposta) e exija relatórios periódicos com indicadores como MTTD, MTTR, número de incidentes e cumprimento de SLA. Isso garantirá visibilidade e cobrança de resultados.
Cheque cláusulas de confidencialidade e compliance: Garanta que o contrato inclui NDA e termos de proteção de dados (LGPD) claros. Confirme onde os dados serão armazenados e as obrigações do provedor em caso de incidente envolvendo dados pessoais. Se aplicável, verifique aderência a outras normas (ex.: PCI DSS).
Analise custos e modelo de precificação: Entenda se a cobrança é por volume de logs, número de dispositivos monitorados ou um valor fixo mensal. Avalie se há custos extras para determinadas atividades (ex.: resposta a incidentes fora do escopo, horas de consultoria) para evitar surpresas.
Planeje a transição e onboarding: Discuta como será o processo inicial – instalação de coletores de logs, ajustes de configuração, período de calibração de alertas. Um bom fornecedor terá um plano de onboarding estruturado, com baixo impacto na operação e comunicação clara.
Considere um teste ou prova de conceito: Se possível, realize um piloto de algumas semanas para validar na prática o funcionamento do SOC gerenciado no seu ambiente. Isso permite ajustar expectativas e confirmar a qualidade do serviço antes do compromisso definitivo.
Essa checklist serve como um guia de referência durante o processo de contratação. Marque cada item à medida que obtém as informações e sinta confiança de que o candidato a fornecedor atende aos critérios. Cada organização pode ter pontos adicionais específicos, mas os listados acima cobrem os pilares essenciais de avaliação.
No cenário brasileiro atual, em que ataques cibernéticos sofisticados colocam em risco a continuidade das operações e a LGPD exige diligência na proteção de dados, contar com uma estrutura dedicada de segurança 24/7 deixa de ser um diferencial e torna-se parte integral da resiliência organizacional. Sua empresa está pronta para dar este passo em direção a uma segurança mais robusta? Se você busca apoio especializado para implementar ou aprimorar o monitoramento de segurança, considere entrar em contato com a Interatell.
Nossa equipe está preparada para ajudar a desenhar e operar um SOC gerenciado sob medida, garantindo proteção contínua e compliance para o seu negócio – assim você pode focar no que realmente importa: impulsionar a inovação com a certeza de estar seguro.