Como a segmentação de redes pode melhorar a segurança e o desempenho da sua empresa
Em meio a um cenário de ameaças cibernéticas crescentes, as empresas brasileiras enfrentam desafios inéditos para proteger seus dados e operações. Ano após ano, o Brasil lidera a lista dos países com o maior número de ataques na América Latina. Ao mesmo tempo, a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) impõe multas que podem chegar a R$ 50 milhões por infração às empresas que não protegem adequadamente as informações pessoais.
Diante desse cenário, fortalecer a segurança da rede não é mais opcional – é uma necessidade estratégica para evitar prejuízos financeiros e de reputação. Uma das estratégias que tem se destacado para enfrentar esses desafios é a segmentação de rede. Com a transformação digital acelerando a integração de ambientes híbridos – que combinam infraestrutura local (on-premises), nuvens privadas e públicas –, as empresas precisam organizar suas redes de forma inteligente, separando diferentes tipos de tráfego e ativos em segmentos distintos. Essa segmentação consiste basicamente em dividir a rede em partes menores e isoladas, controlando rigorosamente o fluxo de dados entre elas.
O objetivo é duplo: melhorar a segurança – limitando o alcance de eventuais invasores e protegendo informações sensíveis – e otimizar o desempenho da infraestrutura, direcionando o tráfego de acordo com o perfil de cada aplicação.
Segmentação de rede em ambientes híbridos
Ambientes híbridos ampliam a superfície de ataque e tornam a segurança de rede mais complexa, pois dados trafegam tanto em data centers próprios quanto em múltiplas nuvens. Nessas condições, segmentar a rede torna-se um imperativo: é preciso garantir que cargas de trabalho sensíveis hospedadas na nuvem privada, por exemplo, fiquem isoladas de segmentos que dão acesso à internet pública, ou que aplicações legadas no data center não fiquem expostas a dispositivos de usuários remotos sem controle.
A segmentação de rede provê esse isolamento consistente entre diferentes ambientes, aplicando políticas uniformes que impedem acessos indevidos e mantêm cada parte da infraestrutura sob vigilância. Implementar segmentação em um ecossistema híbrido requer planejamento e tecnologia adequada. Métodos tradicionais envolviam o uso de firewalls internos, listas de controle de acesso e VLANs para separar tráfegos.
Hoje, surgiram abordagens mais dinâmicas: soluções de microsegmentação e redes definidas por software permitem agrupar e etiquetar o tráfego conforme sua função ou origem, aplicando regras de isolamento de forma mais granular e automatizada. Assim, independentemente de a aplicação estar on-premises ou na nuvem, é possível definir políticas de segmentação unificadas, garantindo que cada segmento obedeça aos mesmos padrões de segurança e desempenho.
Segurança: isolando ameaças e protegendo dados
Do ponto de vista da segurança, a segmentação de rede aumenta consideravelmente o nível de proteção interno. Muitas vezes tratada como mera formalidade burocrática, essa tática pode ser o divisor de águas entre conter um incidente isolado e sofrer uma crise generalizada. Sem segmentação, uma vez que um invasor ganha acesso à rede, ele consegue se mover lateralmente por diversos sistemas sem barreiras, alcançando dados sensíveis com facilidade – é como se todos os cômodos de uma casa estivessem interligados e sem trancas internas.
Por outro lado, com a rede devidamente segmentada, esse mesmo invasor ficaria confinado ao segmento inicialmente comprometido, incapaz de percorrer livremente a infraestrutura em busca de alvos mais valiosos. Nessa estratégia, sistemas críticos e cargas de trabalho sensíveis – como bancos de dados de clientes, plataformas de pagamento ou servidores de pesquisa e desenvolvimento – ficam resguardados em segmentos isolados do resto da rede.
Mesmo que um computador comum da empresa seja invadido, as aplicações vitais permanecem em rede separada, inacessíveis diretamente sem passar por controles adicionais. Esse isolamento reduz drasticamente a superfície de ataque da organização: com partes bem delimitadas, o atacante encontra menos caminhos abertos para chegar aos sistemas críticos, sendo obrigado a superar múltiplas camadas de defesa.
Quando faltam segmentações robustas, invasores podem percorrer “vastas extensões” da rede sem resistência – no caso de um grande ataque em 2023, por exemplo, hackers roubaram 27 TB de dados após transitar livremente por uma empresa que carecia dessa proteção interna.
Além de conter ameaças, a segmentação tem um papel fundamental em compliance e proteção de dados. Ao restringir cada segmento a um propósito ou departamento, fica mais fácil garantir que apenas pessoal autorizado acesse as cargas mais confidenciais, em conformidade com exigências regulatórias (por exemplo, segregando a base de dados de clientes conforme a LGPD).
Num ambiente segmentado, uma auditoria de segurança consegue identificar controles claros em cada zona da rede – algo que facilita a demonstração de conformidade e a detecção de eventuais falhas, reduzindo o tempo e esforço para preparar relatórios de auditoria.
Em última instância, ao limitar movimentações laterais e isolar dados sensíveis, a segmentação minimiza o impacto de invasões e evita que um incidente de segurança se torne uma violação massiva sujeita a multas e danos reputacionais.
Desempenho e eficiência da rede
Segmentar a rede também traz ganhos palpáveis de desempenho. Ao separar diferentes tipos de tráfego em sub-redes específicas, evitamos que aplicações críticas disputem banda com atividades menos prioritárias. Por exemplo, em um hospital, manter os dispositivos médicos em um segmento isolado da rede de visitantes garante que esses equipamentos vitais não sofram lentidão devido ao uso de internet pelos pacientes.
De modo geral, essa prática reduz a congestão do tráfego, pois isola fluxos de alta intensidade em suas próprias rotas, assegurando que aplicações essenciais recebam a largura de banda necessária sem concorrência.
Além disso, a segmentação permite organizar o tráfego conforme o perfil de cada aplicação – seja separando serviços de voz, dados financeiros, tráfego de backup ou demais categorias. Com cada classe de aplicação transitando em seu segmento dedicado, os administradores podem aplicar políticas de qualidade de serviço (QoS) adequadas a cada caso, reduzindo latência onde for mais crítico e prevenindo que atividades volumosas (como backups ou atualizações de software) impactem a responsividade de sistemas transacionais.
Cada segmento funciona como uma via expressa para determinado tipo de comunicação, otimizando a eficiência da rede. Durante picos de uso, essa arquitetura segmentada ajuda a manter a estabilidade: serviços essenciais continuam ininterruptos mesmo sob alta demanda, pois não competem diretamente com outros fluxos de menor prioridade.
Desafios na adoção e contexto brasileiro
Embora os benefícios sejam claros, a adoção da segmentação de rede ainda encontra obstáculos em muitas organizações brasileiras. Infraestruturas legadas complexas e a falta de mão de obra especializada em segurança podem dificultar a implementação dessa estratégia de forma abrangente. Além disso, nem todas as empresas têm dado prioridade a esses investimentos – um estudo global revelou que 49% das organizações não planejam ampliar seus gastos em segurança de dados mesmo após sofrerem um incidente de vazamento.
Contudo, a maré está virando: a combinação de requisitos regulatórios mais rígidos, consciência crescente sobre os riscos cibernéticos e disponibilidade de novas soluções (como serviços gerenciados e ferramentas de automação) tem impulsionado mais empresas a superarem esses desafios. A tendência é que a segmentação de rede se torne cada vez mais difundida como boa prática padrão de segurança e gerenciamento de redes no Brasil.
Segmentação de redes: opção estratégica
Ao adotar essa prática, os CIOs e gestores de TI transformam a rede corporativa de um plano aberto – suscetível a qualquer movimento malicioso – em uma infraestrutura organizada, com barreiras inteligentes que protegem ativos críticos e otimizam o fluxo de dados. Em outras palavras, a segmentação de rede evoluiu de um detalhe técnico para um pilar essencial da estratégia de TI moderna, combinando proteção aprimorada e eficiência operacional. Entre em contato com a Interatell para, juntos, avaliarmos as melhores estratégias de segmentação de rede e elevar a segurança e o desempenho da infraestrutura de TI da sua empresa.